Esterilização e Superpopulação
Sem uma política de esterilização abrangente, a população de cães e de gatos cresce descontroladamente dia após dia. Este aumento resulta não só das ninhadas de animais que vivem nas ruas, mas sobretudo das ninhadas geradas por animais ao cuidado de alguém. Infelizmente, são ainda demasiadas as pessoas que não se importam que os seus animais se reproduzam ou que permitem que os seus animais não esterilizados saiam de casa sozinhos, dando assim azo a que estes se reproduzam com animais na rua e dêem origem ainda a mais animais errantes. Para saber mais, não deixe de ler O Seu Animal Sai Sozinho? e também Eles Merecem Melhor!.
O destino dos animais destas ninhadas é quase sempre incerto. Muitas ninhadas nascem nas ruas (onde têm vidas e mortes sofridas), muitas outras são mortas por afogamento ou soterramento (situação ainda muito comum), outras são “despachadas” para adoptantes irresponsáveis e outras ainda são abandonadas ou atiradas para um qualquer contentor do lixo… Uma coisa é certa: trata-se de um círculo vicioso. A maioria destes filhotes vai também reproduzir-se e dar origem a mais filhotes que terão igualmente um destino incerto. A história repete-se vezes sem conta, resultando em mais animais nas ruas, mais animais vítimas de abuso e maus-tratos, mais animais atropelados e mais animais nos albergues e canis/gatis municipais.
Infelizmente, por maior que seja o nosso esforço, são sempre poucos os animais que nascem com a sorte de conseguirem um bom lar. Na maioria dos países, milhares de cães e gatos são abatidos todos os anos, simplesmente porque ninguém os quer. A esmagadora maioria dos animais que são mortos não são idosos, não estão feridos, não estão doentes nem são anti-sociais. Outro lado desta negra realidade são os milhares de animais que morrem todos os anos nas ruas devido a fome, doença, falta de cuidados, envenenamento, atropelamento, temperaturas extremas e maus-tratos. As associações de protecção animal sentem-se elas próprias impotentes para dar resposta ao problema da superpopulação de animais de companhia, pois encontram-se (na sua esmagadora maioria) sobrelotadas e sem condições para acolher mais um animal que seja.
Não é mais racional e humano evitar-se o nascimento de tantos animais? A esterilização é a forma mais eficaz de combater este problema pela raiz, evitando que nasçam ainda mais animais condenados a uma vida de abandono e sofrimento. Neste momento, existem centenas de milhar de animais que esperam ansiosamente a oportunidade de terem uma família. Não faz nenhum sentido deixar nascer ainda mais animais sem que tenhamos antes ajudado aqueles que já estão nas ruas, nos albergues e nos canis/gatis municipais a aguardar a possibilidade de terem uma família.
A Solução Passa Pela Esterilização
A superpopulação de animais de companhia, ou seja, a existência de um número muito mais elevado de animais do que de famílias dispostas a acolhê-los, tem como consequência o sofrimento e morte de muitos milhares de animais todos os anos. Esta situação não se resolve com mais albergues para animais nem com mais campanhas de adopção. O problema tem de ser atacado pela raiz: educando as pessoas para que impeçam que os seus animais se reproduzam e para que os esterilizem.
Os cães e os gatos foram seleccionados pelos humanos ao longo de milhares de anos para terem as características que hoje têm e tornaram-se dependentes de nós para sobreviverem. Nós, humanos, somos os únicos responsáveis pela superpopulação de animais de companhia e temos o dever de resolver este problema que nós próprios criámos. A magnitude do problema da superpopulação explica-se em parte pelas elevadíssimas taxas de reprodução dos gatos e dos cães. Em teoria, segundo a WSPA (Sociedade Mundial Para a Protecção dos Animais), uma única cadela, com uma vida reprodutiva de 6 anos, poderá dar origem a 6000 descendentes; uma gata, em apenas 2 anos, poderá deixar 2000 descendentes.
A esterilização é a forma mais eficaz de lutar contra o gravíssimo problema da superpopulação de animais de companhia e os inúmeros problemas associados —– um círculo vicioso de reprodução irresponsável, negligência, abandono, maus-tratos, morte por atropelamento e abate em canis/gatis municipais. Em Portugal, deixou de ser permitido o abate para controlar a população de animais de companhia, mas a forma como se continua a lidar com o problema da sobrepopulação na maioria dos países consiste em abater os animais que ninguém quer. Esta prática, além de desrespeitar em absoluto a dignidade dos animais, é completamente ineficaz. De acordo com um relatório de 1990 da Organização Mundial de Saúde, “a remoção e abate de cães nunca deverá ser considerada a forma mais eficaz de lidar com um problema de excesso de população de cães na comunidade: não tem efeito sobre a causa raiz do problema, que é a sobre-reprodução dos cães”. O mesmo relatório conclui que “a longo prazo, o controlo da reprodução é de longe a estratégia mais eficaz de gestão da população canina”.